Porque empresas deveriam patrocinar
clubes de futebol quando o padrão nesse meio é a total instabilidade
administrativa, financeira, política, estrutural, ou seja, uma total falta de
personalidade?
Muitos clubes não utilizam bem sua
história, não se recordam de onde vieram; não sabem quem são, não entendem sua
realidade; sequer compreendem onde estão, nem enxergam o momento que
atravessam. A grande maioria deles desconhece o perfil de seus “consumidores”,
não sabem como querem ser reconhecidos, e o pior: não tem a menor ideia de qual
é seu objetivo como entidade além de obviamente buscar títulos.
Há alguns anos o Barcelona fez esse
dever de casa e, em determinado momento, vetou alguns perfis de patrocinadores
e chegou a pagar para ter a logo da Unicef em seu uniforme apenas para reforçar
sua marca, seu perfil, sua personalidade.
Empresas, na verdade investidores,
buscam segurança e o retorno do valor aplicado através de um aumento da visibilidade,
do engajamento do consumidor - no caso o clube e sua torcida - da melhora do
conhecimento do seu produto ou serviço e, obviamente, do aumento das vendas, ou
seja, é cada vez mais raro os patrocínios surgirem por conta de um “rostinho
bonito” ou simplesmente pela paixão que o torcedor empresário tem pela entidade
onde, mesmo nesse último caso, há sempre um interesse oculto.
Não há almoço grátis.
Buscando uma solução para tentar
corrigir esse problema, desenvolvi e aplico em minhas aulas e palestras um
modelo que pode ser usado por qualquer entidade que busque apoio e/ou
patrocínio no mercado. É um modelo que precisa ser construído com constância e
consistência e, por conta disso, não é de resultado imediato. Dessa forma, se a
busca de receita é urgente, como na grande maioria das entidades esportivas no
Brasil, é necessário ao menos estruturar o modelo com um planejamento a curto,
médio e longo prazo, demonstrando foco na estabilidade para assim ganhar alguma
credibilidade e conseguir o capital inicial para aplicá-lo por inteiro.
Chamo de modelo Estrela, afinal é
necessário mirar alto, mirar na lua, pois caso algum equívoco seja cometido, ao
menos entre as estrelas você estará.
O início do primeiro traço da Estrela,
o ponto de onde o clube deve começar a desenhá-la, é levantar toda a sua
história, todos os dados e informações possíveis, de onde veio, qual suas
raízes, motivação dos fundadores à época. Buscar testemunhas, depoimentos,
fotos, documentos.
Sabendo qual sua origem podemos
estabelecer quais as bases de sua personalidade e montar os alicerces de todo o
planejamento, iniciando pelo que hoje em dia é chamado de storytelling.
Storytelling é um modo de construção de
um roteiro bem estruturado, bem trabalhado, detalhando sua história de uma
maneira relevante e interessante, fazendo uso até de recursos audiovisuais buscando
enriquecer ainda mais o conteúdo e torná-lo atrativo, preocupando-se em valorizar
todos os pontos positivos, sem jamais fugir da verdade, afinal uma mesma história pode ser contada de várias maneiras.
Esse primeiro passo já atrairá os olhos
do mercado para sua entidade, afinal o mundo enxerga quando alguns movimentos
são iniciados e, nesse caso, ao tomar conhecimento do seu storytelling, patrocinadores começam a refletir uma maneira de
encaixar sua história à da sua entidade para engajar os
torcedores/consumidores.
Naturalmente, só esse passo não é suficiente. É só o primeiro.
Naturalmente, só esse passo não é suficiente. É só o primeiro.
Assim, no próximo artigo detalharei os
passos seguintes...
Siga-me no Twitter @FredMourao
Fred Mourão - Gerente de Marketing e Relacionamento do Clube de Regatas do Flamengo 2013/14/15. Coordenador e Professor do MBA em Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan. Estudou Marketing na Universidade da Califórnia, tem MBA em Gestão pelo Ibmec, é graduado em Administração pela UERJ e cursou Gestão em Futebol na CBF
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Fred Mourão - Gerente de Marketing e Relacionamento do Clube de Regatas do Flamengo 2013/14/15. Coordenador e Professor do MBA em Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan. Estudou Marketing na Universidade da Califórnia, tem MBA em Gestão pelo Ibmec, é graduado em Administração pela UERJ e cursou Gestão em Futebol na CBF
Olá, Fred, boa tarde! Parabéns pela iniciativa. Acho que ainda mais carente de patrocínio são as iniciativas pessoais na produção de eventos esportivos de pequeno porte. Competições de qualquer esporte. Como desenvolver um plano de marketing para angariar patrocinadores nesse sentido? Um abraço!
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